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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Adultério, um gatilho de autodestruição.

Quando o relacionamento se torna uma dependência e obsessão


Todo indivíduo, seja homem ou mulher, que se envolve numa relação extraconjugal, ativou um gatilho de autodestruição que inicia uma contagem regressiva ao caos.
Um dos grandes problemas levados ao consultório está relacionado a questões conjugais, principalmente o adultério.
Quando um dos cônjuges se envolve numa relação extraconjugal, está buscando suprir alguma carência afetiva não preenchida pelo parceiro. Algum vazio emocional que desencadeia uma série de atitudes destrutivas e inconsequentes, totalmente imperceptível, tamanha a necessidade de resposta à carência.
Essa nova relação nasce entre pessoas próximas, de convivência familiar, na escola ou no trabalho. Tem início pela oportunidade de desabafar – onde ambos expõem problemas e carências. Nessas conversas há uma identificação dos problemas, ambos encontram alguém que ouve, o que, em geral, não acontece na vida conjugal e está pronto o cenário para o envolvimento extraconjugal.
Num segundo momento, esse relacionamento se torna uma dependência e obsessão - Isto porque o indivíduo obcecado não consegue avaliar os seus comportamentos e a própria realidade. A necessidade de ver, falar e estar junto coloca em risco toda uma vida familiar e conquistas que levaram anos de construção. Uma pessoa envolvida nesse tipo de relacionamento não tem percepção do quanto está se autossabotando, vivendo por um fio, um deslize para que tudo desabe.   
Quando atendo esses casos, em geral o cônjuge que está envolvido numa relação extraconjugal, apesar de estar se sentido “bem” nessa relação, em seu interior há um conflito sobre a necessidade de sair da situação, mas não consegue se desprender da outra pessoa.
A psicanálise tem a atenção voltada para as razões inconscientes que levaram a essa situação e, via de regra, há um histórico passado que está se repetido. No entanto, encontramos na bíblia uma resposta que pode ser agregada ao tratamento, conhecida como Ligação de Alma - Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne. O que a bíblia está propondo é que, no ato da conjunção carnal, há uma ligação de alma “se faz um com ela”. Essa Ligação de Alma é uma prisão onde a alma estabelece uma aliança com outra pessoa. É uma relação que, na maioria das vezes, ocorre fora dos princípios bíblicos. Um laço constituído na vida de uma pessoa através de relações sexuais ilícitas - incesto, fornicação, pedofilia, adultério, prostituição, lascívia, sensualismo, abuso e molestação sexual, etc.
Paulo propõe que qualquer relação sexual entre pessoas, criam uma ligação semelhante a do casamento - “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.” Gn 2:24. O Casamento é uma ligação de alma entre duas pessoas, que transpõe a dimensão física - sexo, entrando no campo espiritual e na alma - "se tornarão um só espírito e uma só alma". Esse fenômeno acontece no ato sexual, na união entre dois corpos, estabelecendo a aliança do casamento e gerando implicações no reino espiritual. O ato sexual no casamento é um ato abençoado, mas se é uma relação pré-conjugal ou extraconjugal, formou-se uma aliança entre as almas. Quanto mais parceiros sexuais, mais ligações de almas.
Na Ligação de Almas, a pessoa não se liga apenas com o seu parceiro atual, mas com antigos parceiros sexuais - não se trata de “fusão de almas”, mas sim de ligações, de amarras que mantêm pessoas presas umas nas outras. Quando ocorre um ato sexual fora do casamento, a pessoa está ligando a sua alma com alguém que não foi estabelecida nos padrões bíblicos. Tudo isto num contexto espiritual, e não místico. Daí porque a pessoa não esquece a outra. Sempre que se encontram, há um desequilíbrio emocional momentâneo.
Mesmo nos casos de incesto, abuso e moléstia sexual, o trauma fica obscurecido na memória e a qualquer momento se manifestará. Uma pessoa que vivenciou essa experiência, virá a sofrer sério distúrbio emocional e psicológico quando tiver que se relacionar sexualmente, mesmo no casamento. Nesse caso é uma ligação traumática.

Faxina emocional

Um fator importante é o que chamo terapeuticamente de Faxina Emocional – Trata se de objetos que podem servir de ponto de contato para constituição de ligação da alma: Presentes de ou dos ex, presentes do(a) amante e tudo que te faz lembrar e desejar estar com essa pessoa, significa que ainda há ligação de alma.  Então é hora da faxina emocional, de se livrar e evitar tudo que mantem ligação de alma com essa pessoa.

Apesar de ouvir cristãos evangélicos dizerem ter passado por um processo espiritual de desligamento de alma, se é que passaram, a terapia tem a finalidade de tratar os resquícios emocionais que estão no inconsciente, que, a qualquer momento a pessoa se verá repetindo aquilo que já vivenciou antes. Nesse caso, não está tratando o espiritual, mas o emocional, aquilo que está no registro do histórico de vida, camuflado no inconsciente.
Sei que não é uma posição muito aceitável para o meio evangélico, mas depois de 35 anos de pastorado e hoje atuando na área psicoterapêutica, tenho pacientes que, apesar de terem as mais profundas experiências com Deus, estão destruídas emocionalmente com históricos passados e repetindo situações vivenciadas antes de conhecer a Cristo Jesus. Deus perdoa o pecado, mas as consequências são inevitáveis e deixam marcas psicológicas e emocionais que, reprimidas no inconsciente, mais cedo ou mais tarde vão se manifestar. É tudo uma questão de tempo e situação oportuna. “Aquele, pois, que pensa estar em pé, CUIDE para que não caia”. I Co.10.12.

Osésa Rodrigues de Oliveira
Psicanalista Clínico

Pós Graduado em Psicanalise Aplicativa.

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