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domingo, 15 de outubro de 2017

PORQUE MUITOS CRISTÃOS COMETEM OS MESMOS PECADOS REPETIDAMENTE

O domínio do pecado



"...fazendo a vontade da carne e dos pensamentos..." Ef.2.3.

                                                                  
Quando lemos o texto de Romanos 7.15-23, parece uma conversa de maluco. Quem sabe o que deve fazer e não faz, e o que não deve fazer isso faz, aparenta uma pessoa em pleno conflito. 

É sabido que quem controla nossas ações é o cérebro. Quando nossas ações estão descontroladas, significa que algo está errado na nossa mente.

O Apostolo São Paulo, numa tentativa de explicar o domínio do pecado sobre o ser humano, apresenta uma “LEI” que exerce um controle sobre as ações com tendência ao erro. v.23 – “Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros”. “Uma lei que batalha contra a lei do meu entendimento”. A expressão “entendimento” no texto está relacionada à ação racional e consciente. Somos seres dotados de consciência e razão que devem permear nossas atitudes e nossos comportamentos. 

Quando alguém age fora da razão, essa é uma ação inconsciente, ou seja, fora do controle do consciente. - Rm.7.17 – “De maneira que agora já não sou eu que faço isto...” Essa afirmação dá uma conotação de que o pecado tem forte controle e o indivíduo não consegue se conter.

A melhor forma de compreender esse comportamento é saber que a psique do ser humano é formada pelo Id, o Ego e o Superego. Elementos que definem a personalidade do indivíduo. 

O Id é o componente nato dos indivíduos, ou seja, as pessoas nascem com ele. Consistem nos desejos, vontades e pulsões primitivas, formado principalmente pelos instintos e desejos orgânicos pelo prazer. v.15 – “Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço”. A partir do Id se desenvolvem as outras partes que compõem a personalidade humana: Ego e Superego. 

O Ego surge a partir da interação do ser humano com a sua realidade, adequando os seus instintos primitivos (o Id) com o ambiente em que vive. O Ego é o mecanismo responsável pelo equilíbrio da psique, procurando regular os impulsos do Id, ao mesmo tempo em que tenta satisfazê-los de modo menos imediatista e mais realista. Graças ao Ego a pessoa consegue manter a sanidade da sua personalidade. v.21 – “Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem...” O Ego começa a se desenvolver já nos primeiros anos de vida do indivíduo. 

O Superego se desenvolve a partir do Ego e consiste na representação dos ideais e valores morais, familiares, religiosos e culturais do indivíduo. O Superego age como um “conselheiro” para o Ego, alertando-o sobre o que é ou não moralmente aceito, de acordo com os princípios que foram absorvidos pela pessoa ao longo de sua vida. v.22 – “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus”. 

Num segundo momento, necessitamos compreender a importância do Consciente e do inconsciente. v.19 – “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”. Consciente: “Porque não faço o bem que eu quero”; Inconsciente: “o mal que não quero esse faço”. Isso significa dizer que nada acontece por acaso, ou seja: não há descontinuidade na vida mental e, consequentemente no comportamento - cada evento mental tem explicação consciente ou inconsciente.

No inconsciente estão as pulsões, que são duas forças complementares: Pulsão de Vida e de Morte. As pulsões são forças que estimulam o corpo a liberar energia mental. 

Pulsão de Vida: São os instintos de vida que se referem à autopreservação, esta forma de energia manifesta é chamada de libido; - “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação,”. 2Co.7:10. A luta contra o pecado é ferrenha, na busca da preservação da vida espiritual. Nesse caso, o indivíduo se vê num conflito desesperador repetindo o mesmo pecado sempre e lutando contra ele, por suas próprias forças - “Ora, na guerra contra o pecado ainda não tendes resistido até o extremo de derramar o próprio sangue”. Hb.12.4. 

Pulsão de Morte: instinto de morte que é uma força destrutiva, e pode ser dirigida para dentro. “...da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”. 2Co.7:10. A pulsão para a morte tende levar o indivíduo a repetir o mesmo erro. A melhor forma de compreender essa pulsão de morte encontra-se no v.15 - “Pois não compreendo meu próprio modo de agir; porquanto o que quero, isso não pratico; entretanto, o que detesto, isso me entrego a fazer”. A repetição do pecado indica que algo está errado. Nesse caso, esse comportamento é gerado por sintomas de algo mais sério.

A sequência do texto deixa clara que a repetição na pulsão para morte, é uma ação inconsciente - Rm.7.17 – “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim". v.18 - Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. v.20 - "Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim”. 

O consciente é a parte da mente que estamos cientes, porém o inconsciente, é uma área menos explorada e exposta. O nível consciente refere-se às experiências que a pessoa percebe, incluindo lembranças e ações intencionais. A consciência funciona de modo realista, de acordo com as regras do tempo e do espaço. “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados” Hb.10:26. Assim, temos uma percepção da consciência como nossa e identificamo-nos com ela.

Parte do conteúdo que não está consciente, num determinado momento pode ser facilmente trazida para a consciência; esse material é chamado pré-consciente: v.18 – “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem”. 

No inconsciente estão subsídios instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também conteúdos que foram “excluídos” da consciência, censurados e reprimidos. Este conteúdo não está esquecido muito menos perdido, mas não pode ser lembrado. Estas memórias afetam a consciência indiretamente.

O inconsciente, não é indiferente nem inerte, havendo uma intensidade e imediatismo em seu conteúdo. Lembranças extremamente antigas quando trazidas à consciência, podem revelar que não perderam em nada de sua força emocional.
Em alguns cristãos, a repetição (pecado) é plenamente irracional e inconsciente. Esse comportamento repetitivo é destrutivo para a vida espiritual. Por mais que a pessoa confesse o pecado, se vê caindo nele novamente – “porquanto o que quero, isso não pratico; entretanto, o que detesto, isso me entrego a fazer...”.


Essas repetições inconscientes podem refletir comportamentos paternos vivenciados na infância – fatos reprimidos que se manifestam repetindo atitudes dos pais. “Tende consciência de que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais...”(1Pe.1:18)

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