Desabafo ou surto?
Recentemente assisti um vídeo onde a esposa de um pastor, sob o pretexto de desabafo ou de denúncia, não percebe o que está acontecendo, mas na verdade, o que o vídeo apresenta é uma pessoa com um surto psicológico, por não saber lidar com a perda. A psicanalise define o comportamento apresentado por ela, de Síndrome de Estresse do Divórcio.
Desequilíbrio emocional é comum em qualquer separação, mas para as pessoas que se apegam possessivamente a outra, independentemente de haver amor, a convivência com alguém por um período de tempo, pode gerar uma identificação profunda, mesmo que seja um relacionamento destrutivo.
Para essas pessoas, o divórcio pode ser uma experiência extremamente estressante tendo como sequela a depressão, ansiedade, síndrome do pânico, hostilidade, medo, raiva, abuso de medicamentos, etc.Desequilíbrio emocional é comum em qualquer separação, mas para as pessoas que se apegam possessivamente a outra, independentemente de haver amor, a convivência com alguém por um período de tempo, pode gerar uma identificação profunda, mesmo que seja um relacionamento destrutivo.
A perda é uma experiência universal do ser humano, no entanto, algumas pessoas não estão preparadas para a perda da pessoa amada, e, em muitos casos, a perda do status.
Não obstante o sofrimento causado pela perda da pessoa amada, a separação também envolve a perda de poder financeiro, bens materiais, posição social, etc., uma somatória perigosa, que pode desencadear surtos emocionais imprevisíveis. Quando há filhos, o grau de dificuldade aumenta ainda mais, haja vista que o relacionamento não se rompe definitivamente.
A terapeuta de família Charlotte Friedman afirma: "O divórcio pode nos afetar emocionalmente, mentalmente e fisicamente, além de minar as nossas expectativas. É como lamentar a morte de um ente querido, assim que se depara com a tristeza da separação. Reconhecer esses sentimentos e aceitar que é preciso passar por um processo de cura e transição é um bom começo. Uma vez que você os entendeu, está no caminho para superá-los”.
Outro quadro apresentado no vídeo é de surto psicótico. O Surto Psicótico é um episódio de dissociação da estrutura psíquica do indivíduo, fazendo com que este, mostre comportamentos socialmente estranhos e diferentes, devido à momentânea incapacidade de pensar racionalmente.
Os motivos que levam a um surto psicótico são diversos e podem variar de pessoa para pessoa. O que é comum entre os surtos, é o fato de serem “a gota d'água”, de acordo com o psicólogo Eduardo Xavier do Hospital Psiquiátrico São Pedro. A crise se origina em pessoas que já possuem uma certa fragilidade psicológica, ou seja, é algo que vai crescendo. Muitas vezes começa de forma incipiente e vai se intensificando até que finalmente leva a pessoa a surtar.
“O surto psicótico ocorre, basicamente, quando uma psique já fragilizada entra em colapso, ou seja, em completo desequilíbrio”, explica o psicólogo Edílson Pastore da Clínica Pinel. Porém, existem circunstâncias pontuais que desencadeiam a crise em pessoas as quais aparentemente não seriam um alvo óbvio.
Pessoas com Transtorno Bipolar, são propensas a surtos psicóticos - Transtorno do Humor Bipolar (THB) é uma doença mental caracterizada por oscilações ou mudanças intensas de humor e comportamento, ou seja, a tônica dessa patologia está na alternância de estados depressivos com maníacos. As oscilações de humor vão desde as mudanças normais, como nos estados de alegria ou tristeza, até mudanças acentuadas e distintas do humor.
O transtorno bipolar é comum, também, em pessoas que sofrem de Transtorno Dismórfico Corporal - Citada pela primeira vez nos anais médicos em 1886, a dismorfofobia foi descrita como “uma insatisfação aguda do paciente com seu corpo - é um transtorno psicológico onde a pessoa acredita ter defeitos físicos que não possui ou então, possui em um nível mínimo, mas acredita ser acentuado.
A pessoa que sofre de Dismorfia Corporal, também conhecida como Síndrome da Distorção da Imagem, vive realizando diversos tratamentos estéticos, incluindo cirurgias plásticas, mais nunca se sentem satisfeitas.
A soma desses transtornos “justifica” a pré-disposição a uma atitude como a apresentada no vídeo, de uma pessoa momentaneamente incapacitada de pensar racionalmente nas consequências para outrem e para si própria.
O que me surpreende é o fato de pessoas racionais, se assim podemos definir, se prestarem ao serviço de visualizar, compartilhar e tomar partido na situação, como se conhecessem ou ouvissem o outro lado da história.
Nenhuma separação acontece sem que haja erros de ambas as partes, e o divórcio é, principalmente envolvendo um casal de pastores, a última alternativa.
Como se trata de uma situação envolvendo evangélicos, a condenação do pecador é sumaria, a espiritualização da situação é imediata, sem uma avaliação mais aprofundada da situação.
Não estou aqui fazendo uma defesa de A ou B, mas apresentando um parecer clínico psicanalítico do conteúdo, da fala e das expressões da personagem no vídeo.
É normal que as pessoas se coloquem do lado da “vítima” sem analisar o quadro geral dos fatos, quando, na verdade, deveriam pensar e agir como cristãos verdadeiros e não partidários.
Teologicamente falando, o único conhecedor da verdade é Deus, que há de fazer justiça, mas principalmente exercer misericórdia sobre ambos, e cada um que fez juízo e participou da divulgação desse vídeo, que a misericórdia do senhor seja sobre a tua vida.
Teologicamente falando, o único conhecedor da verdade é Deus, que há de fazer justiça, mas principalmente exercer misericórdia sobre ambos, e cada um que fez juízo e participou da divulgação desse vídeo, que a misericórdia do senhor seja sobre a tua vida.
Apenas pense: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!” Mt.18.7. Quem pratica o ato de escândalo, quem acusa o ato do escândalo, e quem divulga o escândalo, está debaixo do mesmo juízo.
É surpreendente que o número dos que propagam uma mensagem de edificação e salvação nas redes sociais, é infinitamente inferior ao número dos que compartilham e destroem a imagem de ministros do evangelho. “Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará...”. Pv. 24:16.
Consideremos o fato de o referido vídeo ter ultrapassado a casa de meio milhão de acessos: se a autora gravasse outro vídeo se retratando, teria a mesma proporção de divulgação e visualização?
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