Na acatisia o paciente não consegue ficar parado, movimentando-se constantemente. Apresenta-se irritado, inquieto com movimentos repetitivos.
A acatisia induzida por antipsicóticos é um transtorno de
movimento relacionado ao sistema motor e caracterizado por sensação subjetiva
de inquietude interna, irritabilidade ou disforia que podem ser intensas. Associa-se
à sensação física e objetiva de desassossego e a movimentos não discinéticos,
incluindo balanço alternado dos pés, caminhar no mesmo lugar, movimentos no
sentido ântero-posterior do tronco ou balanço alternados das pernas quando
sentado. Nos casos graves, os pacientes levantam-se e abaixam-se como tentativa
de aliviar o sofrimento causado pela sensação de desassossego.
Causas
Efeito adverso provocado pelo uso de antipsicóticos.
Principais
sintomas da acatisia:
- Ansiedade;
- Inquietação – Balanço alternado dos pés, caminhar no mesmo lugar, o paciente marcha o tempo todo;
- Parestesia – sensação anormal e desagradável sobre a pele como coceira queimação, dormência;
- Irritabilidade;
- Agitação psicomotora e;
- Vontade de mover-se todo o tempo.
O escritor e criminoso americano Jack Henry Abbot
descreveu, em 1981, os efeitos da acatisia produzida por antipsicóticos:
As drogas dessa classe não acalmam nem sedam os
nervos. Elas atacam. Elas atacam do fundo de você, você não consegue
localizar a origem da dor… Os músculos da sua mandíbula ficam descontrolados,
então você começa a morder a boca por dentro, a mandíbula trava e a dor
palpita. Durante horas, todos os dias, isso acontecerá. Sua coluna
vertebral endurece tanto que você mal consegue mexer a cabeça ou o pescoço,
e, às vezes, suas costas se curvam como um arco, e você não consegue ficar em
pé. A dor "mói" os seus nervos… Você sofre com a inquietação e
sente que tem que andar, caminhar. E então, assim que você começa a caminhar,
o oposto acontece: você precisa se sentar e descansar. Na frente, atrás, em
cima, embaixo, você continua com uma dor que não consegue localizar, uma
ansiedade desgraçada que te esmaga, porque você não sente alívio "nem
respirando".
—Jack Henry Abbot
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Em relação à classificação, a acatisia pode ser
classificada como aguda e crônica, de acordo com o tempo de aparecimento dos
sintomas, que está relacionado à dosagem do antipsicótico. Barnes & Braude definem
acatisia aguda como aquela cujos sintomas tenham ocorrido nos primeiros seis meses
após a introdução do antipsicótico ou o aumento de sua dosagem. Em contraste,
acatisia crônica é definida como aquela cujos sinais e sintomas não tenham
ocorrido em associação ao aumento de dose de antipsicótico.
Dados epidemiológicos revelam que a prevalência de
acatisia em indivíduos tratados com antipsicóticos varia de 20% a 75%,
ocorrendo mais frequentemente nos três primeiros meses da farmacoterapia. Sua
ocorrência associa-se não somente à administração aguda do antipsicótico, mas
também ao recente aumento da dose, acometendo principalmente indivíduos jovens,
independente do sexo. Outros fatores de risco associados à ocorrência de
acatisia seriam a potência terapêutica do antipsicótico e a via de
administração do fármaco.
A acatisia pode ser confundida com agitação psicótica ou
ansiedade, principalmente se o indivíduo descreve sensação subjetiva de
"estar sendo controlado por forças externas". Dentre as suas
principais complicações, encontra-se a disforia que, em casos mais graves, pode
predispor ao suicídio. Além disso, esse efeito adverso pode contribuir para a
pobre adesão do paciente ao tratamento, favorecer recaídas e agravar o
prognóstico.
A fisiopatologia da acatisia induzida por antipsicóticos
permanece desconhecida. Dentre as hipóteses propostas, o antagonismo entre as
vias dopaminérgicas mesolímbicas e mesocorticais parece constituir hipótese
plausível, mas não completamente satisfatória. A idéia de que o bloqueio
dopaminérgico predisporia à emergência dos sintomas de acatisia foi sustentada
por estudos de PET-Scan conduzidos por Farde et al. Segundo essa hipótese,
fármacos que reduzissem os sintomas extrapiramidais, advindos do bloqueio dos
receptores dopaminérgicos D2, deveriam ter efeito terapêutico também na
acatisia.
A eficácia dos betabloqueadores no tratamento da acatisia
tem sido explicada com base na hipótese de sua ação antagônica aos efeitos
inibitórios da descarga noradrenérgica sobre a área tegmental ventral (origem
do sistema dopaminérgico mesolímbico e mesocortical), o que levaria ao aumento
da neurotransmissão dopaminérgica.
O envolvimento do sistema GABAérgico pode ser explicado
pela suposta ação terapêutica de agentes anticolinérgicos e benzodiazepínicos
na acatisia induzida por antipsicóticos. O bloqueio dopaminérgico na via
nigroestriatal predisporia ao aumento da neurotransmissão colinérgica e
subseqüente diminuição da neurotrasmissão GABAérgica.
As intervenções terapêuticas disponíveis para o
tratamento da acatisia induzida por antipsicóticos baseiam-se nas hipóteses fisiopatológicas
citadas e incluem o uso de betabloqueadores, drogas anticolinérgicas e
benzodiazepínicos.
A acatisia é um efeito adverso dos neurolépticos (antipsicóticos),
tais como as butirofenonas (Haldol), e não deve ser confundida com
manifestações motoras ligadas à ansiedade.
Estudos mostram que betabloqueadores, benzodiazepínicos e
anticolinérgicos são eficazes para controlar temporariamente os movimentos involuntários,
sendo os betabloqueadores de ação central os mais eficazes no
tratamento causado por antipsicóticos.
É normal que nos casos de depressão, ansiedade e distúrbio do sono, a pessoa queira um resultado imediato. Pata tal, o uso de medicação tem uma resposta no trato dos sintomas. O tratamento da causa requer tempo.
Quando o indivíduo tiver uma consulta psiquiátrica, é recomendável passar por mais de um especialista, para avaliar o tipo de medicação que está sendo prescrito.
Devido não ter encontrado nenhum vídeo brasileiro que trata do assunto, sugiro que assista o vídeo abaixo.
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